quarta-feira, 9 de abril de 2008

Ficha de Leitura: verbete “movimento estudantil” no Dicionário do Pensamento Social do Século XX.

Ficha de Leitura: verbete “movimento estudantil” no Dicionário do Pensamento Social do Século XX. Editado por William Outhwaite, Tom Bottomore, E. Gellner, R. Nisbet e A. Touraine. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1996.


"MOVIMENTO ESTUDANTIL:

p. 498

“Se os recentes movimentos de base estudantil surgiram em estreita relação com problemas internos da universidade, logo se concentraram de maneira crítica em aspectos gerais da sociedade. Durante os anos 60 os movimentos estudantil tornaram-se um fenômeno social maciço. A campanha da Livre Expressão, em 1964, no campus de Berkeley, na Califórnia, deflagrou o movimento, e a inquietação e o ativismo estudantis se difundiram por universidades em todos os Estado Unidos, Europa, Extremo Oriente e América Latina”.

(...)

“Nos anos 60 muitas discussões acaloradas, tanto entre estudantes quanto entre os teóricos sociais, relacionavam-se à questão do tipo de agentes sociais que eram os estudantes. Deviam ser considerados em termos de classe social? Seriam agentes revolucionários? Essas controvérsias marcaram profundamente a chamada Nova Esquerda no movimento estudantil. Para alguns, os estudantes eram vistos como aliados do movimento operário. Amplos setores do movimento estudantil obtiveram sua autoconsciência a partir das análises teóricas neomarxistas que os consideravam agentes revolucionários engajados em uma luta anticapitalista, antiestado e antiimperialista. O movimento es- ...


p. 499

... tudantil não suplantou o movimento operário, mas agiu como sua vanguarda, tornando-se o guardião da consciência proletária, derivando sua significação social do fato de lutar em nome do proletariado, com vistas ao rompimento total com as instituições e a cultura burguesas. Outros viam os estudantes como um elemento periférico potencialmente revolucionário”.

(...)

“Finalmente, o protesto estudantil foi interpretado como um movimento social. Essa abordagem teórica afirmava que as sociedades modernas estavam entrando em um estágio pós-industrial em que não era mais a fábrica, e sim áreas culturais, como educação, saúde, comunicação de massa, informação, que se estavam tornando o ponto central do conflito social. Foi essa perspectiva que conferiu um significado social potencialmente crucial aos movimentos estudantis. O protesto estudantil foi portanto examinado para se descobrir nele a possível presença de um novo movimento social, vale dizer, perguntar se ele implicava conflito entre adversários sociais pelo controle de um campo cultural. Análises minuciosas de dados sobre o movimento de maio na França mostraram, no entanto, que o movimento estudantil conservava uma significação múltipla. Não satisfazia as condições de um movimento social na medida em que não designava a tecnocracia como seu principal componente, não desenvolvia uma visão clara de sua própria identidade e não considerava o conhecimento produzido em universidades como base principal do conflito (Touraine, 1968)".

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